Em São Luiz do Paraitinga, folia só toca marchinhas
DANIEL MÉDICI
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUIZ DO PARAITINGA (SP)
Os turistas estão prestes a chegar e a cidadezinha, de 10 mil habitantes, se prepara para ver a população quintuplicar. Com alegria e apreensão, São Luiz do Paraitinga aguarda o retorno do Carnaval.
Centro histórico de São Luiz do Paraitinga ainda vive clima de pátio de obras
Refazer igrejas é o desafio de São Luiz do Paraitinga
Confira pacotes para São Luiz do Paraitinga
São Luiz do Paraitinga sofreu com excesso de turistas no Carnaval de 2009
Veja galeria de fotos da cidade
Sede de festas tradicionalmente concorridas, a cidade, à beira do rio Paraitinga, no Vale do Paraíba, viu seu centro histórico literalmente ir por água abaixo. A tragédia, ocorrida em janeiro de 2010, enterrou a folia naquele ano.
Já em 2011, o Carnaval voltou a ser realizado. Para lá foram 75 mil turistas, isso ao longo dos cinco dias do evento. A festa, porém, aconteceu fora do centro histórico.
No próximo dia 17, parte da folia volta ao cenário original. Os blocos tradicionais, como Barbosa e Juca Teles, vão pular, com suas bandas e bonecos gigantes, na praça Oswaldo Cruz e imediações.
Outros eventos simultâneos acontecerão em outros pontos da cidade, na tentativa de levar os turistas mais agitados para fora do centro.
A ideia de descentralizar a festa almeja, acima de tudo, preservar as áreas sensíveis da cidade. Há edifícios que ainda estão em condições estruturais precárias, sustentados por vigas de madeira.
Luiza Sigulem/Folhapress
Centro histórico de São Luiz do Paraitinga; cidade se prepara para o Carnaval
Se São Luiz do Paraitinga deseja, por um lado, mostrar que se recuperou da tragédia, por outro, não quer repetir carnavais como o de 2009, cuja lembrança ainda causa apreensão nos moradores.
"Uma cidade com boa infraestrutura turística tem capacidade para, no máximo, dobrar sua população na alta temporada. Em 2009, porém, recebemos 180 mil turistas [ao longo dos cinco dias], provavelmente seis vezes o número de habitantes simultaneamente", relata o empresário Henrique Guerra.
As recordações daquele ano envolvem lixo nas ruas, falta de energia e filas nos mercados.
Uma das medidas que São Luiz do Paraitinga tomará para evitar a superlotação é o desvio do tráfego. Quando as 5.000 vagas de estacionamento ou zona azul forem preenchidas, as estradas serão fechadas, e veículos não terão como entrar na cidade.
APENAS MARCHINHAS
A preocupação dos habitantes vai além do patrimônio material: nos dias de folia, é proibido ligar aparelhos de som em locais públicos. Nada de axé ou sertanejo, portanto. Só as marchinhas (e apenas as compostas em São Luiz do Paraitinga!) são permitidas no Carnaval.
Um folheto distribuído aos foliões todos os anos, explicando as regras do evento, também expõe a proibição de sprays, garrafas e copos de vidro, e pede que não se urine nas fachadas das casas. Churrasqueiras nas calçadas são passíveis de apreensão.
Cada bloco sugere um tema para a fantasia a ser usada -o bloco do Barbosa, por exemplo, sai vestido de motorista de ônibus. O bloco Encuca a Cuca, quando existia, só permitia a entrada de mascarados vestidos de cores escuras. Seus bonecos eram monstros, e as marchinhas falavam sobre terror. Hoje, o bloco não sai mais: há o receio de que turistas, aproveitando o anonimato, atentem contra a integridade dos foliões.
Editoria de Arte/Folhapress
Em São Luiz do Paraitinga, folia só toca marchinhas
DANIEL MÉDICI
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUIZ DO PARAITINGA (SP)
Os turistas estão prestes a chegar e a cidadezinha, de 10 mil habitantes, se prepara para ver a população quintuplicar. Com alegria e apreensão, São Luiz do Paraitinga aguarda o retorno do Carnaval.
Centro histórico de São Luiz do Paraitinga ainda vive clima de pátio de obras
Refazer igrejas é o desafio de São Luiz do Paraitinga
Confira pacotes para São Luiz do Paraitinga
São Luiz do Paraitinga sofreu com excesso de turistas no Carnaval de 2009
Veja galeria de fotos da cidade
Sede de festas tradicionalmente concorridas, a cidade, à beira do rio Paraitinga, no Vale do Paraíba, viu seu centro histórico literalmente ir por água abaixo. A tragédia, ocorrida em janeiro de 2010, enterrou a folia naquele ano.
Já em 2011, o Carnaval voltou a ser realizado. Para lá foram 75 mil turistas, isso ao longo dos cinco dias do evento. A festa, porém, aconteceu fora do centro histórico.
No próximo dia 17, parte da folia volta ao cenário original. Os blocos tradicionais, como Barbosa e Juca Teles, vão pular, com suas bandas e bonecos gigantes, na praça Oswaldo Cruz e imediações.
Outros eventos simultâneos acontecerão em outros pontos da cidade, na tentativa de levar os turistas mais agitados para fora do centro.
A ideia de descentralizar a festa almeja, acima de tudo, preservar as áreas sensíveis da cidade. Há edifícios que ainda estão em condições estruturais precárias, sustentados por vigas de madeira.
Luiza Sigulem/Folhapress
Centro histórico de São Luiz do Paraitinga; cidade se prepara para o Carnaval
Se São Luiz do Paraitinga deseja, por um lado, mostrar que se recuperou da tragédia, por outro, não quer repetir carnavais como o de 2009, cuja lembrança ainda causa apreensão nos moradores.
"Uma cidade com boa infraestrutura turística tem capacidade para, no máximo, dobrar sua população na alta temporada. Em 2009, porém, recebemos 180 mil turistas [ao longo dos cinco dias], provavelmente seis vezes o número de habitantes simultaneamente", relata o empresário Henrique Guerra.
As recordações daquele ano envolvem lixo nas ruas, falta de energia e filas nos mercados.
Uma das medidas que São Luiz do Paraitinga tomará para evitar a superlotação é o desvio do tráfego. Quando as 5.000 vagas de estacionamento ou zona azul forem preenchidas, as estradas serão fechadas, e veículos não terão como entrar na cidade.
APENAS MARCHINHAS
A preocupação dos habitantes vai além do patrimônio material: nos dias de folia, é proibido ligar aparelhos de som em locais públicos. Nada de axé ou sertanejo, portanto. Só as marchinhas (e apenas as compostas em São Luiz do Paraitinga!) são permitidas no Carnaval.
Um folheto distribuído aos foliões todos os anos, explicando as regras do evento, também expõe a proibição de sprays, garrafas e copos de vidro, e pede que não se urine nas fachadas das casas. Churrasqueiras nas calçadas são passíveis de apreensão.
Cada bloco sugere um tema para a fantasia a ser usada -o bloco do Barbosa, por exemplo, sai vestido de motorista de ônibus. O bloco Encuca a Cuca, quando existia, só permitia a entrada de mascarados vestidos de cores escuras. Seus bonecos eram monstros, e as marchinhas falavam sobre terror. Hoje, o bloco não sai mais: há o receio de que turistas, aproveitando o anonimato, atentem contra a integridade dos foliões.
Editoria de Arte/Folhapress