Meio Ambiente |
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Atualizado em: 16h09min - 19/03/2012 |
Mosquito transmissor da dengue já é resistente a diversos inseticidas |
Pesquisadores descobriram que os ovos do aedes aegypti podem resistir em ambientes sem água, por até um ano. Ao contrário do que todos achavam, o mosquito pode se desenvolver também em água limpa. |
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, em Pernambuco,
descobriram que o aedes aegypti, transmissor da dengue, desenvolveu uma mudança
genética que o tornou resistente a vários tipos de inseticidas comuns. A
descoberta foi feita no insetário, onde 70 mil mosquitos são criados em
laboratório. Neste local, os estudiosos acompanham todas as etapas da vida do
aedes aegypti.
Os ovos do mosquito, pequenos pontinhos pretos, que mais parecem sujeira, viram larvas. Quando tomam uma forma parecida com uma vírgula, são chamados de pupas. A metamorfose leva de dez a doze dias, até que os mosquitos estejam prontos para voar. Essa espécie de inseto impressiona os pesquisadores pelo poder que tem de enfrentar adversidades durante o desenvolvimento - resistência que se verifica desde a fase de ovo. "Ele tem a capacidade de ficar preso nas bordas e, muitas vezes, é confundido com sujeira. A pessoa desavisada nem percebe a sua presença, lava o recipiente e torna a enchê-lo. Nesse momento de reencher, esses ovos vão deixar as larvas sair e o recipiente vai estar novamente com o aedes crescendo nele", explica a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Cláudia Fontes. Há algum tempo, era comum ouvir que o mosquito se desenvolvia apenas em água limpa, mas hoje é fácil encontrar o aedes em fossas. "Eles resistem a ambientes sem água por até 12 meses", afirma a pesquisadora. Toda essa capacidade de se adaptar e sobreviver a situações adversas fez do mosquito transmissor da dengue um ser vivo difícil de ser eliminado. O trabalho da pesquisadora Constancia Ayres, que coordenou um estudo realizado em 13 municípios pernambucanos, entre 2008 e 2011, revelou que o mosquito não estava mais vulnerável à ação de diversos inseticidas, inclusive ao do tipo temephós, recomendado pela Organização Mundial de Saúde e usado no Programa Nacional de Combate à Dengue. Segundo a pesquisadora, o uso de inseticidas para combater o aedes aegypti deve ser feito apenas pelos governos. À população, cabe o trabalho de prevenir os focos do mosquito. "O inseticida, em contato com o mosquito, tem um alvo. Normalmente, são moléculas do sistema nervoso. Se há uma alteração, se essa molécula sofre uma mutação, o inseticida não consegue mais se ligar", alerta Constancia. |