Com mais mortes que Iraque, Brasil está em guerra e não sabe
Com mais de 200 mil pessoas assassinadas no Brasil entre 2008 e 2011, o país faz frente às grandes zonas de guerra do globo, segundo Mapa da Violência
São Paulo – Vivemos em um país em guerra, mesmo que não declarada. Esta é uma das conclusões possíveis a partir da leitura do estudo Mapa da Violência 2013, realizado pelo professor Julio Jacobo Waiselfisz, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais e divulgado hoje. Cerca de 170 mil pessoas foram mortas nos 12 maiores conflitos no globo entre 2004 e 2007 (veja tabela abaixo). No Brasil, mais de 200 mil perderam a vida somente entre 2008 e 2011.
Isto tudo sem que o país viva "disputas territoriais, movimentos emancipatórios, guerras civis, enfrentamentos religiosos, raciais ou étnicos, conflitos de fronteira ou atos terroristas", lembra o levantamento.
Há dois anos - época dos últimos dados disponíveis - foram registradas mais de 50 mil mortes, o que confere ao Brasil uma taxa de 27,1 homicídios para cada 100 mil brasileiros. Desse total, cerca de 40% (18 mil pessoas) eram jovens entre 15 e 24 anos.
O número de assassinatos no Brasil é 274 vezes maior do que em Hong Kong, 137 vezes maior do que na Inglaterra e 91 vezes maior do que na Sérvia, segundo o estudo divulgado hoje.
Veja abaixo o total de mortes nas maiores zonas de conflito do planeta na década passada:
"São números tão altos que torna-se difícil, ou quase impossível, elaborar uma imagem mental, uma representação de sua magnitude e significação", afirma Jacobo, autor da pesquisa.
Segundo o sociólogo, a cultura da violência (caracterizada pelo hábito de resolver conflitos por meio da agressão), a certeza da impunidade (apenas 4% dos assassinos vão para cadeia) e a indiferença da sociedade com o grande número de mortes estão entre as causas do fenômeno. "A vida humana vale muito pouco", resume o pesquisador, que é argentino
Isto tudo sem que o país viva "disputas territoriais, movimentos emancipatórios, guerras civis, enfrentamentos religiosos, raciais ou étnicos, conflitos de fronteira ou atos terroristas", lembra o levantamento.
Há dois anos - época dos últimos dados disponíveis - foram registradas mais de 50 mil mortes, o que confere ao Brasil uma taxa de 27,1 homicídios para cada 100 mil brasileiros. Desse total, cerca de 40% (18 mil pessoas) eram jovens entre 15 e 24 anos.
O número de assassinatos no Brasil é 274 vezes maior do que em Hong Kong, 137 vezes maior do que na Inglaterra e 91 vezes maior do que na Sérvia, segundo o estudo divulgado hoje.
Veja abaixo o total de mortes nas maiores zonas de conflito do planeta na década passada:
País | 2004 | 2005 | 2006 | 2007 | Total de mortes |
---|---|---|---|---|---|
Iraque | 9.803 | 15.788 | 26.910 | 23.765 | 76.266 |
Sudão | 7.284 | 1.098 | 2.603 | 1.734 | 12.719 |
Afeganistão | 917 | 1000 | 4000 | 6500 | 12417 |
Colômbia | 2.988 | 3.092 | 2.141 | 3.612 | 11.833 |
Congo | 3.500 | 3.750 | 746 | 1.351 | 9.347 |
Sri Lanka | 109 | 330 | 4.126 | 4.500 | 9.065 |
Índia | 2.642 | 2.519 | 1.559 | 1.713 | 8.433 |
Somália | 760 | 285 | 879 | 6.500 | 8.424 |
Nepal | 3.407 | 2.950 | 792 | 137 | 7.286 |
Paquistão | 863 | 648 | 1.471 | 3.599 | 6.581 |
Índia/Paquistão (Caxemira) | 1.511 | 1.552 | 1.116 | 777 | 4.956 |
Israel/Palestina | 899 | 226 | 673 | 449 | 2.247 |
Total dos 12 conflitos | 34.683 | 33.238 | 47.016 | 54.637 | 169.574 |
Segundo o sociólogo, a cultura da violência (caracterizada pelo hábito de resolver conflitos por meio da agressão), a certeza da impunidade (apenas 4% dos assassinos vão para cadeia) e a indiferença da sociedade com o grande número de mortes estão entre as causas do fenômeno. "A vida humana vale muito pouco", resume o pesquisador, que é argentino
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